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quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Modos de Pensar... Ética

"Perfeição e imperfeição não são, na realidade, senão modos de pensar, isto é, noções, que temos o hábito de forjar, em virtude de compararmos entre sí indivíduos da mesma espécie ou do mesmo gênero... imaginamos o Sol tão perto por ignorarmos a sua verdadeira distância, no que nos enganamos. Mas, conhecida a verdadeira distância, suprime-se o erro, mas não a imaginação, isto é, a idéia do Sol, a qual só explicamos a sua natureza na medida em que o corpo é afetado por ele, e assim, embora conheçamos a sua verdadeira distância, continuaremos, não obstante, a imaginar que ele está perto de nós. De modo semelhante, quando os raios do Sol, incidindo sobre a superfície da água, chegam aos nossos olhos, depois de refletidos, imaginamo-lo como se estivesse na água, embora conheçamos o seu verdadeiro lugar; e assim as restantes imaginações, pelas quais a alma se engana, quer elas exprimam a constituição natural do corpo, quer a sua potência de agir seja aumentada ou diminuida, não são contrárias à verdade nem desaparecem pela sua presença. Acontece, é verdade, quando nós tememos sem razão algum mal, que o temor desaparece ao ouvirmos uma uma nova verdadeira; mas, inversamente, também sucede que, quando tememos um mal que se produzirá com certeza, o temor desaparece também ao ouvirmos uma notícia falsa. Por conseguinte, as imaginações não desaparecem pela presença da verdade, mas porque se apresentam outras mais fortes que elas, que excluem a existência presente das coisas que nós imaginamos... Nós padecemos na medida em que somos uma parte da natureza que não pode conceber-se por si mesma e sem as outras". Espinosa

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